Em 1988, no interior de Santa Rosa (RS), uma pré-adolescente tornava-se manchete nacional;
Leonice Fitz com 13 anos de idade conseguia movimentar objetos, estourar lâmpadas, e até mesmo manter estranhos ‘diálogos’ com ruídos que se originavam nas paredes de sua casa.
Isso fez com que em pouquíssimo tempo Leonice ficasse conhecida como “ A Paranormal de Santa Rosa” ou “A menina Poltergeist”, entre outros.
Os fenômenos vieram a público em abril desse mesmo ano, quando o jornal “Zero Hora” estampou em sua capa, uma foto da menina
erguendo o colchão de sua cama sem tocar.
De acordo com sua mãe, Ema, hoje com 64 anos, desde bebê ela já mantinha um comportamento esquisito.
Quando em idade escolar, divertia-se fazendo brincadeiras de mau-gosto com os colegas, como fazer voar os bonés dos meninos pelas janelas da sala de aula, e fazer com que pedras da estrada levitassem dançando pelo ar no caminho para casa.
O pai, Arnildo Fitz, falecido em 2003, aos 57 anos, relatava que o caso havia se agravado em Novembro de 1987, quando fatos assustadores passaram a acontecer; Papéis picados apareciam do nada em baixo da cama da filha, lâmpadas piscavam freneticamente e explodiam logo em seguida, baldes de água se locomoviam sozinhos colchões se contorciam até dobrar ao meio. E somente Arnildo,era capaz de com olhares,exercer algum poder sobre as ‘atividades’ de Leonice,assim evitando que ela despedaçasse o restante das louças,que voavam de encontro a parede mais próxima.
Relatos de familiares, vizinhos e amigos constatam que o fato é mesmo verdadeiro, e que na passagem da infância para adolescência para ela era tudo brincadeira, mas com o amadurecimento, foi se tornando incômodas a especulações dos curiosos, a falta de privacidade e a peregrinação que faziam em frente a sua casa.
Com a proporção que os acontecimentos foram provocando a prefeitura de Santa Rosa pediu ajuda ao padre e parapsicólogo Edvino Friderichs que tratou dela até o fim dos anos 80.
- O problema é que ela acha graça quando isso acontece, sem levar em conta que se trata de um desequilíbrio físico e psíquico. - Ressalta o Padre.
Padre Friderichs tentou ensiná-la a controlar o porão obscuro da mente. Não tardou para que com isso uma verdadeira invasão da humilde casa onde moravam fosse desencadeada:
Havia mais de 100 pessoas que faziam de tudo para poder espiarem o que estava ocorrendo dentro da casa. Uns subiam até em mesas e cadeiras. A BM foi chamada para bloquear a estrada, enquanto se faziam os métodos de relaxamento muscular, que segundo o Padre, iriam acabar com os fantásticos e raros fenômenos.
Não adiantou. Ela seguiu conversando com o além, o interlocutor preferido era o tio-avô Otto Fitz, a quem se atribuíam façanhas como hipnotizar serpentes e adormecer touros bravios. Enquanto Leonice falava, a alma do antepassado percutia as respostas codificadas na parede.
Na época o padre tinha 72 anos. Os fenômenos, segundo ele,eram provocados pelo poder de sua mente, ou seja, um sexto-sentido anda pouco usado pelos humanos mas que algumas pessoas teriam mais desenvolvido.
Na fase adulta, não parava nos empregos de doméstica, parecia uma feiticeira de avental a assustar as patroas. Numa ocasião, o ferro de passar roupa esquentou, embora estivesse desligado. Em outra, as bocas do fogão a gás se acenderam sem que fossem acionadas.
Leonice manteve um consultório espiritual por 10 anos. Assegurava que seus dotes eram usados para curar pessoas com distúrbios, possessas, que vinham até do Paraguai e da Argentina. Um dos pacientes mais endiabrados foi um rapaz de Porto Mauá, que atearia fogo em galpões tendo por combustível a força do pensamento.
Um pouco antes de adoecer (Leonice Fitz faleceu em 2010 aos 34 anos vítima de câncer nos ossos). Leonice surpreendeu seu marido, o jardineiro Armindo Herzog, 57 anos; Os dois foram ao supermercado, Armindo trancara a porta da casa e metera a chave no bolso. Durante as compras, ela avisou:
— Ó, acabei de abrir a nossa casa.
— Não pode. A chave está comigo — protestou o marido.
Ao voltarem, o boquiaberto Armindo deparou com a porta escancarada. E não foi obra de ladrões — garantiam os dois.
Em entrevista cedida pouco antes do falecimento, a Leonice enferma não gostava de lembrar-se da Leonice menina ,que atraiu exorcistas, caçadores de fantasmas, aloucados e multidões de curiosos ávidos por assistirem a mesas gravitando como espaçonaves.
— Por que tive de ser diferente dos outros? — penalizava-se.
E será que os poderes paranormais continuaram ativos?
Antes de responder, ela acende mais um cigarro - a média era um a cada 10 minutos — apontando para a luz que iluminava o quarto, disse:
— Se quiser, desligo aquela lâmpada, eu desligo. Mas tenho medo de fazer isso e não parar mais. Aí, quem vai me ajudar?
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